domingo, 25 de dezembro de 2016

NATAL: O "LIXO" SUPERA O "LUXO"

Hoje é dia de Natal. Muita festa rolou em todas as partes do mundo. Desde as famílias mais simples até as mansões mais luxuosas. E onde há festa, há alegria. Onde há festa também há lixo. O luxo produz muito lixo. O lixo é o incômodo do luxo. O luxo descarta o lixo mas o lixo resiste ao luxo.
Jesus nasceu no lixo. O que é a manjedoura senão um lugar insalubre e perigoso, mal cheiroso e sem o essencial para sequer descansar? Mesmo assim, foi lá ao relento, na poeira e o no frio que nasceu Jesus; no lixo, descartado, onde o luxuosos sacerdotes do templo sequer ousavam passar. Celebrar o nascimento de Jesus é entender essa dinâmica nas relações do mundo de hoje. O luxo vê e sente os seus subalternos como lixo, por isso os descarta.
Mas, embora  grande parte dos que vivem no luxo não sejam cristãos e não tenham relação com religião, no tempo do Natal, eles ficam “bonzinhos”, falam de caridade, de fraternidade, de união... e fazem algumas doações para os pobres. Mas eles não se envolvem, pagam um “papai Noel”, compram brinquedos, fazem uma festa e divulgam na imprensa. Na visão do luxo, o lixo só precisa de carinho, de atenção, de consolo porque nasceram destinados a sofrer. Afinal - pensam os ricos - de quem é a culpa da situação de miséria se os “deuses” nos fizeram ricos e pobres?
Mas o luxo é interesseiro, nunca gasta um centavo se não for para ganhar mais. Como exemplo veja o gesto natalino do governo brasileiro: qual o presente que ele deu às empresas de telecomunicações? Dizem que o presente que ele vai dar para as Teles chegou a custar 105 bilhões; e não sei se movido pelo “ano da misericórdia”, a proposta é perdoar uns 20 bilhões de multas que elas deveriam pagar para o povo brasileiro. E qual o presente que o mesmo governo deu para nós? Um “pacote”...! Adivinha o que tem dentro...? Uma continha, uma fatura de mais de 170 bilhões pra gente pagar. É assim que o luxo vê os seus trabalhadores, como escravos, mão de obra barata para o aumento do luxo dos ricos, como “não merecedores” do fruto do seu trabalho, como “lixo”. Gente, quando o “luxo” governa, quem não é “luxo” é tratado como “lixo” e é descartado. O “luxo” nos vê como “lixo”, sempre foi assim. Quando a gente aposta nos governantes do “luxo”, a expectativa é que aumente o “lixo”.  
Jesus escolheu nascer no “lixo”. Essa escolha de Deus revela a hipocrisia religiosa e social que “coisifica” as pessoas, maltrata, descarta e mata. E Deus que ama, está sempre do lado dos filhos mais fracos. No lixo da sociedade estão sempre os descartados que o luxo violentou. O Natal é, portanto o avesso daquilo que esperamos: do “lixo” brota a esperança.
Em tempos onde o luxo produz lixo sem limites, há necessidade de reciclagem. E a reciclagem nada mais é que admitir que o lixo tem valor, o lixo tem poder, o lixo que foi descartado precisa ser transformado e reaproveitado. Mas o nascimento de Jesus não nos recicla, porque reciclagem apenas coloca o “lixo” no lixo, separa por valores, organiza pela utilidade que ainda resta, sempre com o objetivo de reverter o lixo em lucro. O Nata de Jesus propõe outro movimento: a gratuidade! Nada de lucro, ao invés de “reciclar”, é preciso humanizar, devolver a dignidade, recuperar, restabelecer pontes, descer do “luxo” para reconhecer que todos os seres humanos são iguais, que o “lixo” é fruto da ambição e do egoísmo; sem “luxo” e sem “lixo”; simplesmente ser humano dependente dos demais.
Quer um exemplo? Na manjedoura está aquele que desceu do céu e não se apegou à sua divindade, mas com amor gratuito “rebaixou-se” até o “lixo” da nossa humanidade e deu aos sobreviventes do lixo uma nova dignidade. Ele preferiu a fecundidade do “lixo” que gratuitamente faz brotar nova esperança do que a esterilidade do “luxo” que na ambição do lucro escraviza e mata a vida. Porque fecundidade é “coisa” dos pobres. O “luxo” não se sente necessitado disso.
PENSE NISSO!

ABRAÇO!
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