Cidade Eterna, porquê? Para responder é preciso estar nela,
fazer a experiência de viver cada momento em Roma e sentir o passado conhecido
ou ignorado pairando sobres telhados.
Dirigimo-nos ao Vaticano. Se a cidade fundada por Rômulo e
Rêmo em 753 A. C. é de uma beleza fulgurante, imagine-se entrando no
Vaticano... Extasiante!
Roma está em estado de alerta máximo por causa de ameaças
terroristas. O Vaticano, menor país do mundo, muito mais alerta. Para entrar no
seu território, exige-se passar por barreiras de detectores de metais, ninguém
escapa. Isso não é incômodo, é caminho prazeroso para o encontro com a Graça.
Adentramos naquele espaço solene, amplo como os jardins
celestes, acolhedor das almas que chegam de terras longínquas e habitado por notáveis
homens e mulheres que tem suas admiráveis ações escritas na história: Papas,
Imperadores, Santos, Artistas...
Basílica de São Pedro, a majestosa igreja dedicada ao
primeiro Papa! Passamos reverentes pela “Porta Santa da Misericórdia”, um
momento de reverência especial. Caminhando, nos dirigimos à Cripta da Basílica
onde estão os restos mortais de muitos Papas. Meus companheiros estão andando
rápido e eu quero ver e sentir cada cor, cada forma de todos os detalhes nos
quais me perco naquela beleza que Deus permitiu existir. Pontífices de nomes
que eu já não lembrava há muito tempo, ali sepultados... “Aqui estão os restos
mortais dele... sim, ele vive, ele está aqui!”, pensava eu, sentindo a emoção
de quem sente-se como criança segurando na mão do pai que leva o filho pela
primeira vez a algum lugar desconhecido. E eu fui andando, até que vi um anúncio
informando o lugar do túmulo de São Pedro. Que emoção, ver o primeiro Papa. Não
preciso ver Pedro como vejo os homens e mulheres de hoje, me basta estar ali,
perto do “pescador-pecador”, exagerado, “estopim curto”, mas de coração
generoso e acolhedor. O céu! São Pedro, Pedro...! “Antes que o galo cante três
vezes, tu me negarás...” Pedro, “tu me amas?” “Sim, Senhor, tu sabes que eu te
amo!”
- “Meus companheiros estão lá na
frente, preciso ir...” E saí sedento de beleza e encontrando pérolas divinais
esculpidas por mãos humanas. Quem as fez não poderia estar fazendo a própria
vontade senão guiados pelo dedo de Deus.
Subimos à nave central onde muita
gente como eu se esbarrava com seus smartphones e câmeras fotográficas
registrando meio que irracionalmente cada ponto que iluminava seu olhar
interior. Ali, tudo se apresenta grandioso, tudo é convidativo, tudo indica
Deus, tudo é significado que confirma a dignidade do que somos. Ali a alma
canta como o Salmo 48: “Grande é o
Senhor e muito digno de
louvor, na cidade do nosso Deus, no seu monte santo
(...). Deus é conhecido nos seus
palácios como um alto refúgio. Como o ouvimos, assim o vimos na cidade do Senhor dos Exércitos, na cidade do nosso
Deus. Deus a firmará para sempre(...) Lembramo-nos, ó
Deus, da tua benignidade no meio do teu templo. (Sl 48, 1;3;8-9).
De repente me deparo com o túmulo de São João Paulo II; e
depois São João XXIII... Oh, porque não ficar o dia todo por aqui? Quero me
alimentar mais de tudo isso que me foi oferecido. Na Capela do Santíssimo, agradecimentos
especiais, ofereci tanta gente ao Coração de Deus. No olhar fixo para o
Sacrário, um encontro, um olhar fixo nEle... Silêncio, suspiro da alma!
- “És grandioso assim? E tua simplicidade? Em tudo isso tu
nos mostras tua face. Se trouxeste-me aqui e me encantas, se chamaste-me e
sinto-me atraído por ti, tu estais aqui e me amas!”
Saímos da basílica de São Pedro e esperamos ver o Papa
Francisco na “Hora do Angelus”. Expectativas. Muitos jovens na Praça de São
Pedro. Cânticos, “grito de guerra”, animação. De repente, às 11h50m, abre-se
uma janela naquele prédio à nossa direita. Um “tapete” vermelho e branco é estendido.
Ao meio-dia, sob fortes aplausos o Sumo Pontífice aparece na segunda janela (da
direita para a esquerda) do último andar. Tão longe, mas os telões de TV nos
tornam próximos. Mas não quero olhar o telão, quero ver, mesmo que em forma de
sombras, o vulto daquele que veio “em nome do Senhor”, que surpreende e
transforma os corações por onde passa.
- “Francisco, mais que pontífice, homem santo. E esse santo em
vida eu posso vê-lo agora com os meus olhos”.
Meu olhar se deteve naquela janela enquanto segurava o
smartphone que registrava cada movimento. De repente, a voz audível do Papa: “Cari fratelli e sorelle, buongiorno”! Uma
grande explosão de alegria em forma de gritos e palmas, uma experiência linda
de viver!
As “carícias de Deus”, surpresas divinas!
-