Estamos em
Materdomini. Pensei que fosse um município mas trata-se de uma vila ou distrito
de Caposeli no sul da Itália. Aqui está a Basílica de São Geraldo Majela,
missionário Redentorista que viveu no tempo de Santo Afonso Maria de Ligório,
fundador da Congregação.
Importante
lembrar o detalhe que Geraldo não foi sacerdote, mas um Irmão Redentorista.
Irmão, segundo o nosso palestrante de hoje, Ir. Marcos Vinícius “é aquele a
quem pode-se pedir ajuda quando se precisa”. Como Geraldo. A gente não pede nada
a quem não conhece, a não ser em caso extremo. Irmão é aquele religioso que não
se afasta do outro porque pertence a outra casta, outra família, outra
ideologia religiosa; irmão é aquele que se aproxima do outro porque o vê como
semelhante, como igual, como dependente, necessitado do olhar, da mão e dos
afetos do outro. Jesus também foi ( e continua sendo) nosso irmão. Ele mesmo
disse que entre nós deve haver amor: “amai-vos uns aos outros como eu vos
amei”. E ainda: “Todos vós sois irmãos” (Mt 23, 8). Na hierarquia de Deus não
existe mais alto posto do que ser Irmão.
Pois aqui em
Materdomini está aquele que em nossa Congregação desejou e tornou-se um irmão
de todos, especialmente dos pobres. E foi além de tudo o que em sua época sua
comunidade religiosa e a Igreja receitava. Em atitudes, algumas vezes mais
profético que o próprio fundador, Afonso de Ligório. Revolucionário em sua
paciência porque assim sendo mostrou à Congregação, ao fundador e à Igreja que
era preciso mudar as estruturas e rever as atitudes. Não o fez sozinho, mas
contou sempre com a graça de Deus.
Essa
presença contínua de Deus na vida de Geraldo é contada de forma parabólica
através das muitas estórias transmitidas oralmente desde o seu tempo pelos
devotos de São Geraldo. Uma delas diz que Geraldo ainda pequeno foi à missa e, como
tinha um desejo ardente de comungar, entrou na fila da comunhão. O padre, ao
vê-lo, escrupuloso como era, deu um escândalo com o objetivo de “educar” o
menino, para fazê-lo saber que para receber a Comunhão deveria preparar-se! E debulhou
o seu “rosário” de conteúdos severos manifestando o seu descontentamento ao ver
uma criança “despreparada” para tão sublime Alimento. Geraldinho saiu dali humilhado.
Mas, diz-se que à noite, o Arcanjo São Miguel apareceu-lhe em sonho e deu-lhe a
Comunhão. Geraldo fez sua primeira comunhão sem a autorização da Igreja, sem a
presença do seu pároco e nem a “preparação” exigida. Assim a vida do nosso
santo Irmão nos mostra que para estar na presença de Deus, não são essenciais os protocolos mas em especial o desejo sincero
de o receber. Esta parábola, que o povo devoto fez questão de transmitir, ensina
que a Igreja instituição não pode controlar a manifestação de Deus pois Ele se
revela a quem está preparado de acordo com a Sua vontade e não pelos rituais
humanos. Pois quando Ele quer, faz acontecer a sua presença e alimenta os seres
humanos com os seus dons.
Assim, vemos
que Geraldo, não era um rapaz ingênuo ou sem instrução. Geraldo era um homem inteligente
e cheio de Deus. Por isso, nada o atingia de forma que pudesse perder sua
serenidade. Quantos sacerdotes e monjas recorriam a ele como orientador
espiritual! Era um religioso raro. Certo sacerdote um dia escreveu dizendo que
mais valia um sermão do Irmão Geraldo do que uma quaresma com os padres de sua
Congregação.
Aqui em Materdomini descansa o
corpo do nosso glorioso São Geraldo, santo Redentorista mais conhecido no mundo
que o próprio fundador, Santo Afonso. Geraldo não morreu, continua vivente no
coração e na vida do povo. Eis um homem santo, parabólico, profeta, um jovem
que decidiu lutar para ser santo e o fez com grande maestria. São Geraldo
Majela, rogai por nós!