Adeus, Ciorani! Terra abençoada e
acolhedora! Adeus, Scala, Jerusalém Redentorista! Materdomini, embebecida dos
encantos de Geraldo Majela, que graça
conhecer-te! Nápoles, tão antiga e sempre nova; Marianella, “útero” social que
gerou um Santo Doutor; oh, “velho mundo”, que guardas relíquias de guerras e da
paz, dos reis e dos santos! Nunca mais os verei... Mas por ser assim, os
levarei na memória, porque também sou esta história, sou parte da humanidade
antiga e continuo a história humana, passando no presente como ponte para o
futuro.
Passar por aqui é reconhecer que
nossa existência nesse mundo é apenas um minúsculo momento de uma realidade.
Bilhões de seres humanos já existiram, muitos deles deixaram seus rastos na
história. Aqui vemos isso mais concretamente nas ruínas, nos palácios, nas igrejas
esplendorosas, nas cidades... Cada pedra, desse lugar carrega em si “presenças”
que nos emocionam.
Que sente um homem cansado do
trabalho no campo nos minutos posteriores ao fim da jornada? Fisionomia tensa,
sentimentos pesados, talvez desesperançado, desejoso de chegar em casa. Assim eu
me encontrava quando cheguei na Itália há 20 dias. Não sabia o que encontraria,
porém, não tinha dúvidas de que um momento novo e rico estria começando.
Passaram-se os dias, muitas experiências me refizeram. E para entender o antes
e o depois, se quiseres saber como me sinto agora, imagine aquele mesmo homem
depois de ter chegado em casa e encontrado sua família, banhado o corpo
longamente e sentindo-se diante da mesa , serve-se e reabastece as energias na
presença dos filhos e da esposa. Sorrindo, conta do seu trabalho, ouve as novidades,
fala do amanhã. É o seu momento de celebrar a vida e degustar as alegrias
proporcionadas pela convivência com os seus. Ali retoma o sentido do trabalho, “re-significa”
o sofrimento experimentado. Sabe aquele homem que o sol que recebeu, o peso do
instrumento de trabalho vale a pena porque dá mais vida aos seus e impulsiona a
continuidade da vida. Por isso, ele se levanta e o seu primeiro gesto e
pensamento é agradecer ao seu Deus por acordar para a vida e a Ele consagrar
suas atividades.
Sinto-me chegando ao fim da
madrugada de descanso, daqui há pouco o sol nascerá e o sol trará um novo dia.
É tempo de preparar a mente e o coração para mais uma jornada de trabalho, de
sol, de suor, de esforço contínuo, de sofrer... tempo para construir mais uma
página da missão. Alimentado pelo carinho dos confrades, retomo o trabalho do
ponto exato de onde terminei no dia de “ontem”. Porém, meus estímulos, minhas
energias, motivação e projetos estão renovados. E assim, com novo sentido para
o dia, vou exercer minha missão.
A experiência de ”Tabor” que
tivemos, fez-me sentir mais seguro e esperançoso. O que vivenciamos nesses dias
nos transformou e nos deu novo vigor. Sei que nunca mais voltarei a esses
lugares sagrados, porém, confio que Deus sempre me preparará outros momentos de
revelação do seu grande amor. Preparo-me para viver mais uma jornada na missão
do Redentor, animado por Ele como animador ou provocador das vocações. Que a
Mãe Aparecida continue animando nossos trabalhos e indicando os caminhos dos
campos a serem preparados para receberem as sementes do Reino. Oxalá, tenhamos
corações disponíveis e abertos para receberem o chamado de Deus e responderem
com audácia e generosidade.
Adeus, Ciorani, adeus!