Em nossos últimos encontros, conversamos sobre o conteúdo do primeiro
capítulo do texto-base da CF 2013. E antes de passarmos para a segunda parte, eu
queria destacar um aspecto do conteúdo que nós já conversamos.
E aqui eu queria retomar o tema do protagonismo da juventude. O que é
protagonismo? O que significa ser protagonista?
O texto da CF diz que o objetivo geral é “acolher os jovens no contexto
de mudança de época, propiciando caminhos para o seu protagonismo, no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e
na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da
justiça e da paz”. Se formos pesquisar no dicionário, vamos entender que o
verbo PROTAGONIZAR é o mesmo que SER PROTAGONISTA. Ser PROTAGONISTA significa ser o ator principal, ser o personagem
principal dos acontecimentos. Daí, a
gente pode entender melhor o que a Igreja quer com a Campanha da Fraternidade:
a Igreja quer dizer ao jovem que o espaço dele está aberto, que há um lugar
especial para a juventude, que a Igreja sem juventude, fracassa, que a Igreja
se completa com a presença dos jovens.
O jovem precisa da Igreja para cultivar a sua fé e caminhar com
esperança, mas ela também precisa do jovem para que ela seja mais criativa,
mais audaciosa, mais renovada e possa exercer sua missão com mais alcance.
Costumo dizer que uma comunidade, uma paróquia sem juventude está fadada ao
fracasso. Se ela não tem jovens atuando, inovando e participando, é sinal de
que, aos poucos, aquele grupo pode morrer e se esvaziar. Isso seria trágico.
A gente sabe que os rapazes e moças de hoje têm outra forma de pensar e
sentir em relação aos jovens da década passada. E por isso a gente precisa
tentar entendê-los e abrir espaços para que eles atuem, para que eles mostrem
seu rosto, falem o que sentem e o que entendem sobre a vida. Não precisamos
concordar com tudo, mas é dever nosso dever respeitá-los como eles são,
oferecer espaço para que façam suas experiências, cresçam como cristãos,
exercitem suas relações, atuem e aconteçam do jeito deles.
Sabe, minha gente, a mudança de época, toda essa revolução que o mundo da
tecnologia traz, a nova visão de mundo, os novos paradigmas, obrigam a todos
nós confrontarmos com nossos preconceitos, detectá-los e acabar com eles.
Antigamente, ser diferente era quase um pecado, sentir-se diferente do outro,
era motivo de vergonha; hoje, ser diferente é ter identidade, é uma forma de
ser e existir no mundo. E a juventude hoje é assim, cada um tem um estilo
próprio, pertence a um determinado grupo ou tribo, se veste com modas
excêntricas, às vezes com estilos extravagantes; algumas moças com maquiagem
forte, alguns rapazes com adorno (brinco) na orelha... Isto é certo ou é
errado?
Não se trata de perguntar pelo certo e o errado, trata-se de acolher o
jovem na comunidade com aquilo que ele traz, com seus sofrimentos e alegrias,
com suas virtudes e fraquezas, com suas pobrezas e riquezas... sem
preconceitos, como Jesus fazia. Acolher a pessoa para que ela sinta que,
naquele espaço e naqueles corações, ela encontrará apoio para crescer e
aprender mais sobre a vida. Mas se nós quisermos que os jovens se enquadrem em
nosso pensamento, em nossa maneira de ser; se achamos que eles têm de fazer
aquilo que nós adultos queremos, só porque temos mais experiência e já sabemos
os caminhos da vida, não vamos ajudá-los a fazer história como protagonistas. Nosso
preconceito é lixo interior, e não podemos impor isso a ninguém.
Quando nós éramos jovens, também queríamos imprimir nossa marca na
comunidade, criar novos acontecimentos, deixar nosso nome gravado nos corações
das pessoas. Agora, existe outra geração que precisa ocupar o seu lugar de
jovem e dar um novo colorido em nossa sociedade, em nossa Igreja. Ajudar os
jovens a serem protagonistas, artífices e artistas da paz em nossas
comunidades, eis aí o desafio. Eis aí a chance de renovação.
Uma coisa é certa: uma paróquia ou comunidade que acolhe, dialoga,
orienta, dá espaço e motiva o jovem, pode até ter problemas, mas será sempre
renovada, dinâmica, vigorosa, animada e cheia de esperança.
No próximo encontro vamos iniciar o segundo capítulo do texto-base da
CF. Tenha um dia abençoado! Até amanhã!
Ir. José Torres, CSsR.